um papel fulcral em todo o processo que conduziu o Mestre de Avis à coroa. Esse contexto, que o estudo enfatiza, não foi indiferente para os rumos da governação municipal, nem para os destinos daqueles que dirigiam a cidade, que, na maior parte dos casos, estiveram de forma desassombrada ao lado do mestre, não lhe negando o seu apoio militar e financeiro. Um tal posicionamento não só permitiu a esse grupo de famílias ligadas à governação reforçar a sua capacidade de controlo sobre o poder municipal, como acabou também por se constituir como a pedra de toque da sua ascenção social. O protagonismo assumido, nesses anos de fogo, à frente de uma cidade que conheceu, neste transcurso temporal, uma forte elevação no quadro político do reino, e que fez dela uma das principais cidades cortesãs, constituiu um impulso para esse grupo de famílias, em que se destacam os Lobo, os d'Arca, os Fuseiro, os Oliveira, os Façanha ou os Arnalho, permitindo-lhes iniciar ou acelerar processos de mobilidade social ascendente que, em alguns casos, os colocou no seio dos grupos nobiliárquicos. Neste sentido, o trabalho que agora chega a um público mais alargado é não só um estudo sobre o controlo do poder, mas também uma investigação sobre os mecanismos e as estratégias de ascenção social de homens, com origens sociais mais ou menos obscuras, para quem o domínio da governação municipal constituiu um trampolim de mobilidade que os aproximou dos grupos nobiliárquicos que constituíam o seu horizonte social. |